PORTAGENS NA CREL – UMA MÁ SOLUÇÃO AMBIENTAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na tentativa de justificar o injustificável e de arranjar mais argumentos para a reposição de portagens na CREL, o Sr Ministro das Cidades, do Ordenamento do Território e do Ambiente e depois também o Sr 1º Ministro vieram declarar que se trata de uma medida também ambiental, concretizadora do princípio do utilizador pagador.

 

Há, a meu ver, que desmascarar esta afirmação:

 

Em primeiro lugar, ela é tanto mais estranha quanto vem de um Governo que não tem qualquer estratégia para o sector dos transportes, nomeadamente para a redução do trânsito automóvel, um dos principais focos de emissões de gases com efeito de estufa, como o demonstra aliás o último relatório da Comissão Europeia relativo às alterações climáticas. Um Governo que já assumiu que o seu “combate “ ao efeito de estufa passará pela compra de créditos de poluição a outros países, já demonstrou a sua clara incapacidade de adopção de políticas e de medidas internas, nomeadamente no sector dos transportes, para esta causa absolutamente necessária.

 

Em segundo lugar, é importante que fique claro que as portagens, sem alternativa de transporte, como uma rede de transportes públicos eficiente que crie verdadeiras opções de utilização às pessoas que diariamente se deslocam, não é uma boa medida ambiental, porque não serve nenhum propósito de diminuição de tráfego, não contribui em nada para a diminuição da circulação do automóvel particular.

 

Em terceiro lugar, o que pode acontecer, é que acabe por desviar o trânsito da pior maneira, ou seja, os utilizadores da CREL, para fugirem às portagens, poderão fazer a opção de circular por outras vias rodoviárias, intensificando o trânsito automóvel no IC 19 e na 2ª circular, congestionando mais o trânsito dentro da cidade, tendo como consequência o aumento dos níveis de poluição em Lisboa.

Por isto, a opção de pagamento de portagens na CREL, para além de ser uma má opção do ponto de vista social, é uma péssima solução do ponto de vista ambiental.

 

Heloísa Apolónia

Deputada do Grupo Parlamentar “Os Verdes”