22/01/2021

Os Verdes questionam o Governo sobre as extensas filas às portas da Caixa Geral de Depósitos devido às constantes avarias das caixas automáticas e à falta de trabalhadores

Pergunta:

Na última década a Caixa Geral de Depósitos (CGD), banco da esfera pública, foi objeto de uma reestruturação com impactos demasiado elevados para os trabalhadores, para os clientes e populações, nomeadamente reduzindo trabalhadores, aumentando significativamente o precário, bem como foram encerrados centenas de balcões por todo o país.

Entre 2010 e 2020, o número de trabalhadores foi reduzido drasticamente passando de 10955, em 2010, para cerca de 7000 em 2020. O número de agências tem vindo a reduzir de forma considerável com claros prejuízos para as populações. Em 2010 a CGD tinha 830 agências, sendo que atualmente rondam as 500, ou seja, numa década, 2 em cada 5 agências da Caixa Geral de Depósitos foram encerradas.

Com a redução de balcões e de trabalhadores os clientes são empurrados para outros balcões mais distantes, para as Caixas Automáticas ou para soluções desmaterializadas como o home banking, criando grandes dificuldades, em particular às populações mais idosas.

Apesar das pessoas serem empurradas para as Caixas Automáticas, a verdade é que estas, conjuntamente com as máquinas de atualização de cadernetas, encontram-se constantemente avariadas ou foram mesmo reconvertidas para multibanco.

Esta circunstância limita as operações a realizar levando a que as pessoas recorressem até à passada quinta feira aos balcões da CGD (período em que era ainda permitido a entrada na Caixa) que funcionaram em condições muito limitadas devido à falta de trabalhadores, gerando extensas filas e amontoados de pessoas às portas da CGD.

Por exemplo, no balcão da CGD em Santa Maria da Feira, após denúncia da população, Os Verdes constataram no início do mês de janeiro que estavam cerca de 40 pessoas à porta para serem atendidas, em condições climatéricas adversas.

Tendo em conta as longas filas e o tempo elevado de espera, tem havido pessoas, em particular as mais velhas que acabam por ir, nalguns casos uma hora antes de abrir a porta do banco, para poderem ser atendidas.

Se a situação já de si é pouco dignificante obrigando as pessoas a esperar na rua sem qualquer proteção contra o frio, a chuva ou vento, o amontoado de pessoas à porta da CGD é igualmente uma situação de risco em tempo de pandemia.

Como Os Verdes denunciaram previamente, a redução de trabalhadores e de balcões veio prejudicar de forma considerável a qualidade dos serviços a prestar às populações.

Tendo em conta as constantes avarias das caixas automáticas e a reconversão de muitas destas máquinas para multibanco e tendo em consideração que desde a passada sexta-feira as agências da CGD estão a funcionar “à porta fechada” uma grande parte dos clientes, em particular os mais velhos, ficaram com o acesso ainda mais limitado, ou mesmo sem qualquer tipo de resposta aos serviços bancários.

Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, solicito a S. Exª O Presidente da Assembleia da República que remeta ao Governo a seguinte
pergunta, para que o Ministério das Finanças possa prestar os seguintes esclarecimentos:

1- O Ministério das Finanças tem conhecimento dos elevados tempos de espera que os clientes da Caixa Geral de Depósitos têm de aguardar para serem atendidos, motivados pelas constantes avarias das Caixas Automática e da falta de trabalhadores?

2- O Ministério das Finanças considera que para além das condições pouco dignas em que as pessoas têm de aguardar para serem atendidas, a quantidade de pessoas, que se verifica em muitos balcões um pouco por todo o país, amontoadas à porta da CGD não será um fator de risco em tempo de pandemia?

3- Qual o motivo ou motivos para que as Caixas Automáticas da CGD estarem constantemente avariadas?

3.1 - Qual o motivo para que outras tenham sido transformadas em multibanco, limitando as operações, nomeadamente as que necessitam da utilização de caderneta?

4- Tendo em conta que os Balcões da CGD estão a funcionar com “serviços” mínimos desajustados da procura, sem capacidade de resposta, está previsto a contratação de mais profissionais a curto prazo?

5 - Que medidas o Governo pondera tomar com vista a devolver a qualidade do serviço a
prestar aos clientes por parte da Caixa Geral de Depósitos?

O Grupo Parlamentar Os Verdes
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22 de janeiro de 2021

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