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30/05/2015 |
Pelo combate à Obesidade Infantil |
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A obesidade infantil é um grave problema de saúde pública, tendo a «Organização Mundial de Saúde» (OMS) classificando-a como sendo uma epidemia.
O estudo da APCOI (2013-2014) que contou com 18.374 crianças revela que 33,3% das crianças entre os 2 e os 12 anos têm excesso de peso, das quais 16,8% são obesas. Portugal está entre os países da Europa com maior número de crianças afetadas por esta epidemia, segundo a Comissão Europeia.
Dados do Sistema Europeu de Vigilância Nutricional Infantil (COSI:2008) elaborado pela OMS e pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) indicam que «mais de 90% das crianças portuguesas consome fast-food, doces e bebe refrigerantes, pelo menos quatro vezes por semana. Quase 60% das crianças vão para a escola de carro e apenas 40% participam em atividades extra-curriculares que envolvam atividade física».
A obesidade infantil advém de vários fatores, alterações na dieta e no estilo de vida decorrentes da industrialização, urbanização, desenvolvimento económico e globalização do mercado têm levado ao aumento da ingestão energética consequente de um estilo de vida sedentário.
No entanto, alguns estudos defendem que o marketing é também o responsável pelos maus hábitos alimentares instituídos nas nossas crianças. O marketing dirigido a crianças de alimentos de elevada densidade energética como cereais, refrigerantes, bolos, bolachas, snacks salgados entre outros são os mais publicitados durante a programação infantil. Em geral são utilizadas técnicas para chamar a atenção das crianças, tais como, temas sobre diversão, a música, a fantasia, o sabor, a felicidade e são frequentemente associados a heróis, a desenhos animados e com brindes gratuitos.
As preocupações com a influência da publicidade nas escolhas alimentares das crianças não é de hoje, existem estudos sobre este assunto desde 1970. O marketing de produtos alimentares dirigidos a crianças é extensamente utilizado pela indústria, visto que, as crianças têm uma grande influência sobre as compras dos pais. Para além disso existe o objetivo de criar lealdade à marca, para que o consumo se prolongue ao longo da vida.
A diminuição da exposição a este tipo de publicidade nefasta e uma maior exposição sobre os valores dos diferentes alimentos, assim como a promoção do consumo de água, frutas frescas e vegetais seria um passo importante para a redução do número de crianças obesas no nosso país e, consequentemente, para a prevenção das diversas doenças que estas crianças desenvolvem, tais como doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, a esteatose hepática (doenças do fígado), a apneia do sono e os problemas ortopédicos, hormonais, psicossociais e vários tipos de cancro. Ainda de acordo com a OMS, a obesidade é a segunda principal causa de morte no mundo que se pode prevenir.
O Partido Ecologista «Os Verdes», reunido na sua 13ª Convenção, delibera:1- Com a crescente prevalência da obesidade infantil, é necessário tomar medidas legislativas para controlar o marketing alimentar em horário de programação infantil;
2- Regulamentar a publicidade de produtos alimentares de elevada densidade energética, cuja percentagem terá que ser sempre inferior à publicidade de promoção de produtos saudáveis.
3 – Defender a devolução das cantinas escolares à esfera pública, acabando-se com as concessões a privados neste âmbito.
4 – A proibição de presença de máquinas de “vending” dentro dos estabelecimentos escolares, às quais os alunos têm acesso.
Lisboa, 30 de maio de 2015