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30/05/2015
Por uma gestão florestal sustentável - contra a eucaliptização
A distribuição da ocupação do solo em Portugal Continental apresenta um uso predominantemente florestal (35,4%), seguindo-se as zonas de matos e pastagens com uma área semelhante (34%) e com as áreas agrícolas a ocuparem 24% do território. Em termos de distribuição de espécies florestais, a paisagem caracteriza-se pela prevalência territorial do eucalipto em relação ao sobreiro e ao pinheiro bravo. Outra questão incontornável é o efeito profundo que o regime de propriedade florestal tem na gestão dos recursos e na dificuldade da aplicação das políticas sectoriais, devido à sua pequena dimensão e à prevalência da propriedade privada.

Reflectindo na evolução da ocupação do solo, constatamos que ocorreu desde finais dos anos 90 um aumento das áreas de matos/pastagens e dos terrenos de uso urbano em detrimento das áreas de ocupação florestal e agrícola. Tal facto, deveu-se em parte ao flagelo dos incêndios florestais em paralelo com a conversão dos terrenos de ocupação florestal em áreas de uso diferenciado, ao abandono das zonas rurais e de práticas culturais benéficas para a manutenção dos povoamentos, para além de diversas pragas e doenças que têm vindo a afectar a fitossanidade dos povoamentos florestais.

A par da diminuição da área florestal ocorreu um aumento da área arborizada, fruto dos investimentos de proprietários na plantação de espécies de crescimento rápido, com impactos acentuados na diminuição da biodiversidade e na erosão do solo e aquíferos. A gestão florestal seguida acabou por estar demasiado focada nos lucros da indústria da pasta de papel em detrimento dos potenciais recursos florestais e no seu uso sustentável.
Os incêndios florestais constituem igualmente um factor determinante na modelação da paisagem, tendo em conta a falta de capacidade de regeneração dos povoamentos e a substituição de áreas florestais de pinheiro bravo por áreas arborizadas com eucalipto, o que funcionou como um motor no aumento exponencial desta monocultura em território nacional. No entanto estas questões têm sempre como pano de fundo um profundo abandono dos terrenos agro-florestais, os quais sem qualquer limpeza ficam à mercê dos infortúnios.

Neste âmbito, recordem-se outras calamidades em matéria de fitossanidade que favoreceram a instalação do eucalipto como principal espécie florestal em Portugal. Assim sendo, no caso do pinheiro bravo assistiu-se com o nemátodo-da-madeira-do-Pinheiro ao corte de uma extensa área de pinheiro bravo a nível nacional. Este facto, aliado à falta de cumprimento das exigências na circulação da madeira contaminada para tratamento fitossanitário pelo calor, teve como graves consequências a progressão do nemátodo e o declínio do pinheiro bravo.

Por outro lado, no declínio do montado de azinho, uma espécie tradicionalmente associada ao Alentejo, estiveram motivos de ordem socioeconómica que conduziram ao êxodo rural e ao consequente abandono da criação de porcos que tinham o azinhal como zonas de pasto, assistindo-se assim à substituição do montado pelo eucaliptal.

Os Verdes sempre estiveram atentos a estas situações e desde as primeiras lutas que estiveram na génese do Partido, foram sempre voz activa na
denúncia desta monocultura florestal e no consequente abandono da nossa floresta autóctone.

Deste modo, o Partido Ecologista “Os Verdes” reunido na 13ª Convenção delibera:
1.    Continuar a lutar contra a liberalização da monocultura do eucalipto;
2.    Proibição total de plantação de eucalipto em áreas com densidade populacional humana elevada, independemente das áreas das parcelas individuais em causa;
3.    Contribuir para o estabelecimento de medidas de gestão florestal sustentável e de uso múltiplo da floresta;
4.    Promover o uso de espécies autóctones como alternativas economicamente viáveis à dinamização da economia rural.

Lisboa, 30 de maio de 2015
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