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21/06/2017
Projeto de Resolução nº 936/XIII/2ª - Execução do traçado entre Virela-Fornelo definido no estudo de impacte ambiental do Aproveitamento Hidroelétrico Ribeirdio-Ermida
Com a construção do Aproveitamento Hidroelétrico de Ribeiradio-Ermida que integra duas barragens, Ribeiradio (Oliveira de Frades) e Ermida (Sever do Vouga) foram vários os impactos nestes territórios e nas populações, sobretudo com a submersão de terrenos e de vias públicas pelas respetivas albufeiras, impactos estes que deveriam ser minimizados conforme previa o projeto.

Contudo, passado quase dois anos do enchimento da albufeira de Ribeiradio as populações de Virela e de Fornelos, freguesia de Arcozelo das Maias (Oliveira de Frades) queixam-se da falta de acessibilidades dignas entre estas duas aldeias, que resultou da adulteração do percurso definido no Estudo de Impacte Ambiental, que previa entre outros a construção de uma ponte entre Virela e Fornelo nas proximidades da ligação que foi submersa.

Em 2015 a população promoveu um abaixo-assinado, enviado para várias entidades, reivindicando da concessionária o cumprimento de todas as obrigações resultantes do contrato de concessão nomeadamente o restabelecimento e reposição das acessibilidades e melhoramentos compensatórios dos impactes negativos.

O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) realizado em 2008 referia ao nível da socio-economia, impactos em troços de estradas e pontes, contudo de reduzida importância, pois o mesmo EIA previa também a construção de novas pontes e restituição das acessibilidades, estando a ligação da Estrada Municipal (EM) 1270 e EM 1272, entre Virela e Fornelo, identificada como uma das três prioritárias, onde é georreferenciada também a sua localização na carta militar.

A Declaração de Impacte Ambiental (DIA) Favorável Condicionada, emitida em 2009, obrigava a empresa responsável (Greenvouga – Sociedade Gestora do Aproveitamento Hidroelétrico de Ribeiradio-Ermida, SA, que em 2010 passou a ser do controlo exclusivo da EDP – Gestão da Produção de Energia, S.A.) a “restabelecer, atempadamente, todos os caminhos e estradas indicados no EIA e ainda outros caminhos que se venham a identificar depois da emissão” da DIA e que sejam relevantes para os habitantes.

No entanto, apesar de estar claramente identificado o percurso dos caminhos, estradas e respetivas pontes a construir, o que se verificou no concreto foi uma adulteração do previsto no EIA, por uma questão de redução de custos, possibilitando à EDP poupar milhões de euros, reduzindo por oposição a acessibilidade e comodidade da população.

No período de 2013 e 2014 foram apresentadas à Agência Portuguesa do Ambiente propostas de alteração aos traçados inicialmente definidos, Virela-Fornelo e Ugeiras-Sejães, sendo que o projeto para a ligação Virela-Fornelo consubstanciava uma alteração à solução prevista no EIA.

Segundo a APA, os projetos foram submetidos a apreciação por parte das várias entidades que integram a comissão de avaliação aquando do procedimento de AIA, tendo posteriormente sido aprovadas por esta entidade, suportada pelos vários pareceres técnicos emitidos pelas entidades que, entretanto, se pronunciaram, contudo não foi realizada qualquer consulta pública ao contrário do processo de Avaliação de Impacte Ambiental.

Na consulta pública as entidades e particulares pronunciam-se, opõe-se ou não, em função dos impactes e das respetivas propostas/recomendações para minimizar os mesmos. Neste processo as pessoas que residem em Virela e Fornelo foram ignoradas e afastadas da tomada desta decisão que consideravelmente piora a sua qualidade de vida.

De forma a branquear as suas responsabilidades, em 2014, a Greenvouga que já teria acordos para a cedência de terrenos para o percurso definido na AIA e respetivos estaleiros, celebrou um protocolo com a Câmara Municipal de Oliveira de Frades, através do qual transfere para esta autarquia “a responsabilidade pela execução, gestão e manutenção dos restabelecimentos” nomeadamente as obras da EM Virela-Fornelo, EM Ugeiras-Sejães e EM que liga Sejães à EN 333-3, assim como o município passou a assumir “todos os riscos e responsabilidades perante terceiros inerentes à execução, gestão e manutenção dos restabelecimentos”. Como contrapartida a Greenvouga pagou três milhões de euros a este município, valor consideravelmente inferior ao que teria que suportar com o traçado inicial.

Os novos percursos executados entre Virela, Fornelo e Sejães, são hoje, face ao EIA, mais extensos, íngremes, com pouca proteção, tendo-se a perceção que estão tecnicamente mal concebidos, aumentando o perigo e a insegurança para quem utiliza esta nova via.

Perante esta “negociata” e aparentemente com a cumplicidade da Agência Portuguesa do Ambiente que terá favorecido a EDP (Greenvouga), lesando em particular as pessoas de Virela e Fornelo, que habitam neste território degradando a sua qualidade de vida, os deputados do Partido Ecologista “Os Verdes”, apresentam nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, o seguinte Projeto de Resolução:

A Assembleia da República recomenda ao Governo que desenvolva as medidas necessárias para que seja executado o traçado definido no Estudo de Impacte Ambiental do Aproveitamento Hidroelétrico de Ribeiradio-Ermida, entre Virela e Fornelo (Oliveira de Frades)

Assembleia da República, Palácio de S. Bento, 20 de junho de 2017

Acompanhe aqui a evolução deste Projeto do PEV.
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