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17/03/2012 |
Prospeção de petróleo na costa algarvia prejudica pescadores |
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O Deputado José Luís Ferreira, do Grupo Parlamentar “Os Verdes”, entregou na Assembleia da República uma pergunta em que questiona o Governo, através do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, sobre o impedimento de pesca na costa Algarvia, frente ao Parque Natural da Ria Formosa e da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim, decorrente da realização de operações de prospeção de petróleo. Uma situação que, consideram “Os Verdes”, prejudica grandemente os pescadores da região que se encontram impedidos de ganhar o seu sustento.
PERGUNTA:
Teve início no dia 5 de Março e prolonga-se até ao dia 19 de Maio as operações de prospeção de petróleo na costa Algarvia. Estas operações resultam de um contrato assinado em 21 de Outubro de 2011 com o consórcio REPSOL/RWE para dois locais designados por “Lagosta” e “Lagostim” com localizações frente ao Parque Natural da Ria Formosa e da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim.
Durante a realização das pesquisas e devido à sua complexidade técnica, a pesca é interditada em zonas de grande atividade de embarcações de pesca que capturam espécies com muito valor comercial tais como o tamboril, o lagostim, a gamba, a pescada, entre outras. Segundo edital afixado na capitania “as artes de pesca fixas, redes, armadilhas, palangre (anzol), e respetivas boias de sinalização, devem ser aladas e retiradas, para além de proibir o exercício da pesca do arrasto durante todo o período previsto para o respetivo setor”. Consta ainda deste edital que o incumprimento destas determinações constitui contraordenação punível com coima de 400,00€ a 2.500,00€ pessoa singular, sendo nos casos de pessoa coletiva de 2.500,00€ a 30.000,00€.
Observamos a injustiça desta determinação que impede os pescadores de ganhar o seu sustento e ainda poderem ser punidos com coimas de valor incomportável. Não sendo esta situação nova em Portugal, gostaríamos de relembrar que em 2011, com início em 16 de Julho e por 60 dias, os pescadores entre a Nazaré e Vila do Conde tiveram graves prejuízos tendo o Ministério respondido “O Governo não tem, atualmente disponíveis instrumentos legais para pagamento de compensações a eventuais afetados pela operação já que o Fundo de Compensação Salarial dos Profissionais da Pesca existe para situações bem definidas e distintas das que estão aqui em causa”.
Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, solicito a S. Exª a Presidente da Assembleia da República que remeta ao Governo a seguinte Pergunta, para que o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território possa prestar os seguintes esclarecimentos:
1. Porque não foram tomadas medidas exigindo das entidades que promovem a interdição de pesca as respetivas indeminizações compensatórias?
2. Porque não foi ouvido o Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Sul durante este processo?
3. Que estudos foram feitos para salvaguardar os interesses ambientais envolvidos?