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21/06/2017 |
Sessão evocativa em memória das vítimas, solidariedade com os seus familiares e agradecimento a todos os que, no terreno, combatem o flagelo dos incêndios (DAR-I-99/2ª) |
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Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, Minhas Senhoras e Meus Senhores: Face à enorme tragédia que se desenrolou em Pedrógão Grande, a primeira palavra de Os Verdes é para lamentar, com profunda tristeza, a perda de 64 vidas humanas — crianças, mulheres, homens —, a maior parte das quais apanhadas pela fúria do fogo quando procuravam, justamente, fugir dele. Um cenário de horror, devastador!
Às famílias e aos amigos de todas as vítimas mortais, o Partido Ecologista «Os Verdes» manifesta o seu mais sentido pesar.
Estão, ainda, em cuidados os mais de 150 feridos, sete dos quais em estado grave, que foram vítimas desta calamidade e a quem deixamos aqui uma palavra de solidariedade e de esperança de recuperação, na qual as equipas médicas se mostram profundamente empenhadas em alcançar.
Foram muitas as pessoas que ficaram com as vidas desfeitas, que tiveram perdas irreparáveis, que passaram momentos que muitos descreveram como «o inferno». Um incêndio de proporções dramáticas que alastrou de Pedrógão Grande a Figueiró dos Vinhos, a Castanheira de Pera, saltou para a Sertã, para Pampilhosa da Serra… Não tinha fim!
Especialmente nestas circunstâncias, é difícil, muito difícil, encontrar palavras suficientemente grandiosas para, neste caso, em nome de Os Verdes, manifestar o mais puro agradecimento e reconhecimento aos bombeiros que estão no terreno a procurar dominar este e outros fogos florestais, como o que alastra agora, preocupantemente, em Góis e que já fez crescer o número de feridos para 204.
Os bombeiros demonstram, verão após verão, que são incansáveis heróis nacionais, que têm cravado em si um dos mais nobres significados de solidariedade, de prestação de ajuda, de auxílio, de salvaguarda da vida dos outros, e que trabalham no terreno, no combate ao inferno, até à exaustão! Até à exaustão e pondo em risco a sua própria vida! Gonçalo Assa, bombeiro voluntário de Castanheira de Pera, morreu nesta tragédia, após esse nobre ímpeto de salvar os outros. À sua família, aos seus amigos e à sua corporação, as mais sentidas condolências.
Também a todos os elementos das equipas multidisciplinares que estão no terreno a prestar a ajuda necessária e possível, Os Verdes manifestam o seu sincero reconhecimento.
Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, esta tragédia, que ficará conhecida como a «tragédia de Pedrógão Grande», impõe-nos perceber mais do que a trovoada seca que as autoridades garantem ter espoletado o incêndio florestal. E impõe-nos mesmo mais do que perceber se algo falhou ao nível da comunicação, da coordenação ou da agilidade de decisão para enfrentar o drama. E impõe-nos mais do que as imensas reflexões que já foram produzidas ao longo dos anos sobre os fogos florestais. E impõe-nos mais do que a produção de novos relatórios a acrescentar aos muitos já produzidos. E até nos impõe mais do que a vontade política de mudar as causas que fragilizaram a nossa floresta e a tornaram mais vulnerável aos fogos e que estão mais do que apontadas, desde a exagerada e contínua área de eucaliptal, que é um rastilho dramático, passando pelo despovoamento e o abandono da atividade produtiva no mundo rural, até à insustentável liquidação de serviços do Estado com responsabilidade na preservação da floresta e das matas.
A verdade é que se impõe ao País coragem política! O fenómeno das temperaturas quentes e da escassez de humidade não nos vai abandonar, prevê-se até que se intensifique ano após ano.
Aos bombeiros e a toda a população portuguesa devemos coragem e responsabilidade. Os Verdes continuarão nessa luta.