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22/03/2016 |
Sobre o encerramento da central nuclear de Almaraz |
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Deputada Heloísa Apolónia - Assembleia da República, 22 de março de 2016
Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos Matias, quero saudá-lo pelo tema da declaração política que aqui nos trouxe e lembrar-lhe, Sr. Deputado, que, quando se deu o acidente em Fukushima, ouvimos uma série de vozes de responsáveis políticos nesta Europa — na Alemanha, em França, em Espanha e por aí fora — dizer que era tempo de terminar com a energia nuclear, de encontrar outras alternativas e de criar planos que progressivamente fossem terminando com a opção do nuclear.
O certo é, Sr. Deputado, que o tempo apaga para muitas pessoas muitas responsabilidades e hoje já não se ouve falar, como se ouviu na altura de Fukushima, da necessidade do encerramento célere de muitas centrais nucleares nesta Europa.
E Almaraz, Sr. Deputado, diz-nos profundamente respeito. Se a questão do nuclear nos diz naturalmente respeito, Almaraz ainda nos diz mais pela proximidade que tem relativamente à fronteira portuguesa e pelo impacto que qualquer incidente ou acidente pode ter no rio Tejo, criando uma calamidade que chega facilmente a Portugal.
Portanto, nós devemos ter uma palavra a dizer sobre isso, não há qualquer dúvida. E o certo é que estamos a falar de uma central nuclear que ultrapassou, expirou, há muito, o seu tempo útil de vida.
Portanto, estamos a falar de uma bomba que pode explodir a qualquer momento. E é isso mesmo que nos diz o Conselho de Segurança Nuclear quando nos garante que não estão reunidas as condições de segurança no funcionamento desta central nuclear.
Agora, ir dizendo «Ah, mas parece que está tudo bem! Parece que as bombas do sistema de refrigeração, afinal, não estão tão mal!», isto não pode gerar segurança, Sr. Deputado. Portanto, nós temos de criar alarme relativamente a esta matéria.
Agora, o Sr. Deputado falou dos esclarecimentos pedidos pelo Sr. Ministro do Ambiente, seguramente bem pedidos, mas descansarmos relativamente à resposta que nos veio do Governo de Espanha não sei se será a melhor metodologia.
Agora, Sr. Deputado, o que é que eu acho? Acho que é preciso despertar a população. E se a população portuguesa teve, em tempos, força bastante para travar Ferrel, estou em crer que a população terá força e empenho bastantes para travar a continuação da laboração daquela central nuclear em Almaraz.
Portanto, despertar, juntar, abanar, fazer intervir e participar a população portuguesa, juntamente com a população espanhola, é fundamental para pressionar os governos a ter responsabilidade na segurança de todos nós.