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20/01/2016 |
Voto n.º 30/XIII (1.ª) — De pesar pelo falecimento de António de Almeida Santos, antigo Presidente da Assembleia da República |
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Deputada Heloísa Apolónia - Assembleia da República, 20 de janeiro de 2016
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: As primeiras palavras de Os Verdes são para apresentar as mais sentidas condolências à família de Almeida Santos e que, certamente, não me levará a mal se eu particularizar aqui a Sr.ª Deputada Maria Antónia Almeida Santos. Julgo que será absolutamente compreensível.
Sr. Presidente e Sr.as e Srs. Deputados, há pessoas que têm percursos que, em determinados segmentos da vida, as tornam grandes. E, por isso, é muito difícil em curtas palavras falar sobre esses segmentos, esses percursos, essas vidas e essas pessoas em concreto. Cabe nisto que estou a dizer, naturalmente, Almeida Santos.
Gostava de realçar o seu papel na luta contra o regime fascista. Cada homem e cada mulher que teve esse papel foi um construtor da democracia e da liberdade. Almeida Santos foi um construtor desses altíssimos valores.
Conheci-o pessoalmente, aqui, na Assembleia da República, já como Presidente da Assembleia da República, na Legislatura que teve início em 1995. Posso por isso, pessoalmente, testemunhar que foi um Presidente da Assembleia da República que prestigiou este Parlamento. Se esse era o seu objetivo, como diz o voto que o Sr. Presidente acabou de ler, foi plenamente cumprido. E prestigiou-o junto de outras instituições, prestigiou-o para os Deputados da Assembleia da República e para todos aqueles que, não sendo Deputados, formam, no dia a dia, este Parlamento e prestigiou-o também para os cidadãos, na sua relação com a Assembleia da República e na relação que o Parlamento tem com os cidadãos. Não é questão de somenos importância.
Queria também realçar uma viagem oficial que fizemos a Cabo Verde, constituída por um representante da cada grupo parlamentar, acompanhando o Sr. Presidente da Assembleia da República da altura, porque foi aí, em Cabo verde, que o ouvi interpretar o fado de Coimbra. E, Sr. Presidente, não fui a única a ficar absolutamente deslumbrada. Foi seguramente por esse facto, relembro, na altura, o herói da noite e foi uma longa noite a ouvi-lo interpretar, com o maior gosto, fado de Coimbra.
Depois de deixar de ser Presidente da Assembleia da República reencontrei-o ocasionalmente noutras situações.
Sabe, Sr. Presidente, às vezes, aqui, no nosso trabalho na Assembleia da República, acabamos por ter, muitas vezes, uma relação mais institucional, enquanto que, nestes reencontros posteriores, acabamos por conhecer outras facetas das pessoas que, neste trabalho diário, não conhecemos em pormenor. E, nesses reencontros, confirmei que Almeida Santos era um homem de profundíssimos afetos e, nas atitudes, absolutamente afável. De cada vez que nos reencontrávamos essa manifestação de carinho, que ele sempre tinha, era absolutamente reconfortante, vinda de quem vinha.
Almeida Santos deixou-nos muitos escritos, deixou-nos muitas memórias nesses escritos, que connosco também decidiu partilhar, e também muitos outros escritos que, não sendo memórias, constituem desafios para outras gerações, designadamente desafios de ordem ecológica e de pensamento sobre a globalização. São desafios que devemos agarrar no nosso pensamento e na nossa ação.
Sr. Presidente, termino, dirigindo, novamente, o meu profundo pesar, em meu nome pessoal e no do Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes», à família de Almeida Santos e, naturalmente, também ao Partido Socialista.