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Comunicados 2007
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25/09/2007
“OS VERDES” PREOCUPADOS COM EMBARCAÇÕES TÍPICAS DO TEJO
A Deputada do Grupo Parlamentar “Os Verdes”, Heloísa Apolónia, entregou na Assembleia da República um requerimento em que pede explicações ao Governo, através do Ministério da Cultura, sobre as embarcações típicas do Estuário do Tejo.

Segue a transcrição integral do requerimento:

As embarcações típicas do Tejo (estuário), tais como botes, fragatas, varinos, canoas e catraios, já asseguraram outrora o transporte fluvial, designadamente de diversos produtos alimentares para abastecer a capital.

Actualmente, já em situação diferente, estas embarcações tradicionais têm uma função cultural, histórica, desportiva muito apreciada e reconhecida na região e fora dela.

Ocorre que a Associação Naval Sarilhense (de Sarilhos Pequenos – Moita, concelho que concentra cerca de 90% dos barcos tradicionais do Tejo) apresentou a este Grupo Parlamentar um conjunto de preocupações decorrentes do estatuto que está atribuído a este tipo de embarcações, que leva a que os seus proprietários, a maior parte reformados com pensões muito baixas e trabalhadores com salários muito abaixo da média nacional, venham a acumular dificuldades na manutenção dos seus barcos tradicionais e a ter dificuldade em manter a actividade histórico-cultural que estas embarcações actualmente permitem.

A questão pode ser facilmente exemplificada através de duas injustiças que recaem sobre este património histórico-cultural.

Uma prende-se com o facto de estes barcos tradicionais estarem equiparados, para efeito de pagamento de taxas (como as relacionadas com as vistorias e certificados de navegabilidade), a embarcações de luxo e de recreio e aos próprios catamarãs que actualmente fazem transporte de passageiros no Tejo. Ora, este facto traduz-se em despesas absurdas e injustificadas, pelo tipo de embarcação de que se trata. Os barcos Moliceiros, da ria de Aveiro, por exemplo, estão, e bem, isentos de pagamento de taxas, por serem reconhecidos como embarcações históricas. Porque é que às embarcações típicas do Tejo não é reconhecido semelhante estatuto?

Outra injustiça é, de resto, bem elucidativa de como é ridículo equiparar as embarcações histórico-culturais às embarcações de recreio. Ela prende-se com a própria preservação das características das embarcações típicas do Tejo – elas são de madeira, pintadas com cores garridas, muitos motivos florais, míticos, de tradição centenária e são extraordinários exemplos de talento e de criatividade que devem ser reconhecidos e preservados. Ora, com o estatuto de embarcação de recreio até essa pintura pode estar em causa, dado que às embarcações de recreio só é permitido pintar o nome do barco.

Face ao que ficou exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, solicito a S. Exa. O Presidente da Assembleia da República que remeta ao Governo o presente requerimento, para que o Ministério da Cultura me possa prestar os seguintes esclarecimentos:

1. Considera o Ministério justo que as embarcações típicas do Tejo estejam equiparadas a embarcações de recreio, de luxo e ao próprio transporte fluvial de passageiros, no que se refere a pagamentos para a manutenção activa das embarcações?
2. E o que decorre dessa classificação no que respeita à pintura e à preservação das características dos barcos tradicionais do Tejo, faz algum sentido para esse Ministério?
3. Não considera o Ministério que estas embarcações deveriam ser alvo de apoio específico, dada a função histórico-cultural que vêm representando de há anos a esta parte e à dificuldade que os seus proprietários têm, cada vez mais, em preservar esse património?
4. No próximo Orçamento de Estado, o Governo está aberto a encarar um apoio dessa natureza? Por que razão?


 

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