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01/06/2010 |
CONDIÇÕES DEGRADANTES DO CENTRO DE SAÚDE DA QUINTA DO CONDE E OBRAS DA NOVA UNIDADE MOTIVAM PERGUNTA DE “OS VERDES” NA ASSEMBLEIA DA REPUBLICA |
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No seguimento de uma deslocação efectuada à Quinta do Conde, a Deputada Heloísa Apolónia, do Grupo Parlamentar “Os Verdes”, entregou na Assembleia da República uma pergunta em que pede esclarecimentos ao Governo, através do Ministério da Saúde, sobre as condições degradantes em que funciona a Extensão de Saúde da Quinta do Conde e as obras eternamente adiadas do novo Centro de Saúde daquela freguesia.
PERGUNTA:
Na semana passada fiz uma deslocação à extensão de saúde da Quinta do Conde, tendo tido a possibilidade de visualizar as condições autenticamente degradantes em que aquela unidade de saúde funciona.
O edifício é pré-fabricado, foi construído provisoriamente nos anos 80 para servir uma população de 4.000 indivíduos. O provisório tornou-se definitivo, sem condições para o efeito, e passou a servir uma população de mais de 30.000 habitantes, para o que não tem manifestamente capacidade, designadamente pela diminuta dimensão do espaço.
A degradação daquela unidade é também uma evidência: paredes repletas de vestígios evidentes de humidade, tectos em corticite profundamentedegradados, o que leva a que quando os profissionais de saúde chegam de manhã às suas salas encontrem, em todas elas, partículas de corticite espalhadas pelo chão (importa aqui referir que o telhado é revestido a placas de fibrocimento contendo amianto), incluindo no centro de enfermagem, o que, como é fácil de perceber, pela necessidade de higiene que aí se requer, torna a questão num caso de agressão à saúde, quando, supostamente as pessoas se deslocam a uma unidade onde se “fabrica” saúde. Os medicamentos são armazenados numa sala onde, quando se entra, o cheiro a humidade é de tal ordem, que revela bem as péssimas condições em que estão guardados.
As condições climatéricas do edifício são outro problema grave: os utentes ora são sujeitos a correntes de ar perigosas, ora se confrontam com um calor imenso no verão e um frio insuportável no inverno. Se o sistema de climatização (mais que desactualizado) é ligado, o quadro eléctrico não aguenta e dispara.
O sistema informático é das coisas mais precárias e atrapalha sobremaneira o bom funcionamento dos serviços, em vez de ajudar. Se um programa de despiste de utentes em espera é ligado num computador, imediatamente se desliga noutro gabinete, o que se torna altamente confuso e inoperacional.
Estes são apenas alguns exemplos bem demonstrativos, da forma como trabalham diariamente os profissionais da extensão de saúde da Quinta do Conde, que só mesmo por dedicação à sua profissão e a toda a certeza da sua necessidade é que se mantêm a trabalhar nas condições referidas. É esta também a forma como os utentes se encontram num serviço que lhes deveria inspirar o máximo de segurança em termos de saúde.
A degradação desta estrutura é, há muito, reconhecida por todos. As promessas em torno da construção de um novo centro de saúde não faltaram durante anos e anos e, por essa via, eram introduzidas verbas em PIDDAC num ano e no outro ano, sem se perceber porquê, desapareciam do novo PIDDAC. Este foi o resultado da insensibilidade e da insensatez de vários governos. A população da Quinta do Conde esperou anos e anos pelo início das obras do novo centro de saúde, as quais finalmente tiveram lugar em meados do ano de 2009.
Ocorre que iniciadas as obras, quase de imediato o empreiteiro assegurou que não tinha condições para continuar a obra. Passou-se assim à solução do 2º candidato do concurso, que aceitou continuar a construção já iniciada.
Desde então, ou seja desde setembro do ano passado, as obras não reiniciaram. Como sempre, os processos burocráticos parece continuarem a empecilhar as obras fundamentais, a não ser quando o Governo se empenha verdadeiramente nos processos (muitas vezes não em prol das populações, mas sim de interesses económicos em jogo, o que é de lamentar). A construção do novo centro de saúde da Quinta do Conde, obra determinante para aquela vila não tem, manifestamente, tido o empenhamento do Governo.
Para além de tudo isto, estima-se que cerca de 22.000 utentes não tenham médico de família na Quinta do Conde e não se percebe, até hoje, porque é que o Ministério da Saúde não quer renovar o contrato de trabalho a uma das 4 médicas que trabalham naquela suposta unidade de saúde, dificultando assim uma carência já por demais lamentável.
Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, solicito a S. Exa O Presidente da Assembleia da República que remeta ao Ministério da Saúde a presente Pergunta, de modo a que me possam ser prestados os seguintes esclarecimentos:
1. Tem esse Ministério consciência das condições em que funciona a actual extensão de saúde da Quinta do Conde?
2. Confirma toda a descrição do edifício daquela unidade de saúde acima apontada na presente Pergunta?
3. Qual a razão efectiva que leva a que não tenham ainda sido retomadas as obras do actual centro de saúde da Quinta do Conde?
4. Até que ponto essa construção da nova unidade de saúde é uma prioridade para o Governo?
5. Quando vão ter reinício as obras?
6. Quando, afinal, vai a população poder contar com a conclusão do novo centro de saúde da Quinta do Conde?
7. Com quantos médicos vai contar o novo centro de saúde? E com quantos enfermeiros? E com que número de pessoal administrativo?
8. Vão os números apontados, em resposta à pergunta anterior, ter reflexos no número de população sem acesso a médico de família?
9. Por que razão insiste o Ministério da Saúde em não renovar o contrato a uma das médicas que trabalham na extensão de saúde da Quinta do Conde, sabendo que isso vai trazer mais problemas aos utentes que ficarão se médico de família?