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16/02/2011
Projecto de Resolução Nº. 409/XI RECOMENDA AO GOVERNO A CRIAÇÃO DA UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DO ALTO TÂMEGA
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O Hospital Distrital de Chaves foi, durante muito tempo, responsável pela prestação de cuidados de saúde diferenciados às populações dos municípios de Chaves, Boticas, Montalegre e Valpaços, bem como de algumas freguesias dos municípios de Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar e Vinhais, totalizando cerca de 90 mil habitantes, distribuídos por esses concelhos.
Em 2007, antes da sua integração no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD, EPE), o Hospital Distrital de Chaves dispunha de serviços de 16 especialidades médicas, para além do funcionamento pleno da Urgência Médico-Cirúrgica e de três salas de Bloco Operatório, e encontrava-se dotado de um Corpo Clínico bem preparado e adequado à procura do serviço hospitalar pela população do Alto Tâmega, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde.
Prestava excelentes cuidados de saúde às populações e possuía um bom Serviço de Maternidade de proximidade, cuja assistência cumpria com requisitos de número e segurança que, segundo o estudo desenvolvido pela Entidade Reguladora de Saúde, alguns prestadores não públicos, ainda hoje, não preenchem.
Numa situação de proximidade com os utentes e numa carecida região do interior, o Hospital Distrital de Chaves, mostrava-se perfeitamente apto na resolução dos problemas e avançado no que diz respeito à utilização das melhores técnicas médicas.
Registe-se, ainda, o facto de ter recebido, em 2006, o prémio “Serviço Público Inovação”, em virtude de ter sido pioneiro na utilização das novas tecnologias na gestão dos processos clínicos dos doentes com a implementação do Sistema de Informação Centralizado (Projecto ALERT Free Hospital), que permitiu a dispensa completa do uso de papel.
Porém, em 2007, o Hospital Distrital de Chaves foi integrado no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE e, após esta integração, a Unidade Hospitalar de Chaves perdeu recursos humanos altamente diferenciados e algumas valências médicas, ficando outras com um quadro reduzido de médicos, que poderá mesmo colocar em causa a viabilidade da própria urgência, enquanto urgência médico-cirúrgica.
Três anos após a integração no CHTMAD, EPE, a população do Alto Tâmega encontra-se cada vez mais desprotegida e a situação da Unidade Hospitalar de Chaves é desoladora:
Tem vindo a perder funcionários;
O número de médicos tem conhecido substanciais reduções, possuindo hoje menos 35, o que corresponde a cerca de metade dos médicos existentes antes da integração;
Fecharam serviços como a Obstetrícia (maternidade), a Nefrologia, a Imunoalergologia, a Imunohemoterapia e a Medicina Forense;
Reduções extremamente preocupantes no número de médicos em especialidades fundamentais para o funcionamento da Urgência Médico-Cirúrgica, como médicos cirurgiões, anestesistas, internistas, patologistas, radiologistas e pediatras;
Para além de tudo isto, a Unidade Hospitalar de Chaves perdeu vários serviços, com reflexos visíveis na economia local, como seja, nomeadamente a cozinha, a lavandaria e toda a aquisição de consumíveis;
A agravar a situação ainda temos os investimentos prometidos e programados que nunca chegaram a ser realizados, como seja a ampliação e modernização do bloco operatório e do recobro, entre outras.
Esta situação tem fomentado um sentimento de insegurança por parte dos utentes que recorrem a esta unidade Hospitalar, para além dos custos acrescidos que representa para as populações do Alto Tâmega, o acesso aos cuidados de saúde diferenciados.
Custos associados à necessidade de recorrer a instituições privadas por ter deixado de haver resposta a nível dessa Unidade Hospitalar, de que é exemplo o fecho da maternidade, que tem vindo a condicionar a opção de algumas mulheres pela prática da cesariana em centros privados, ou os custos associados à ausência de resposta eficaz em algumas especialidades, ou ainda os custos de transporte, uma vez que se verifica um número crescente de transferências, internamentos e até de consultas na Unidade de São Pedro de Vila Real, cuja tendência é para aumentar se for mantido o ritmo de desqualificação da Unidade Hospitalar de Chaves.
Na verdade, a integração do Hospital Distrital de Chaves no CHTMAD, EPE é olhado por toda a gente como um verdadeiro fracasso.
Hoje, a Unidade Hospitalar de Chaves perdeu toda a sua autonomia, muitos serviços encerraram, com graves prejuízos para as populações do Alto Tâmega.
E não são apenas os utentes e as populações a afirmar o seu descontentamento, também a Associação de Municípios do Alto Tâmega tem vindo a alertar para a má qualidade do serviço prestado pela Unidade Hospitalar de Chaves.
O próprio Governo chegou a reconhecer, há um ano atrás, problemas com o serviço de urgência da Unidade Hospitalar de Chaves.
Assim, e considerando a completa desqualificação em que se encontra a Unidade Hospitalar de Chaves;
Considerando ainda que as populações do Alto Tâmega se encontram profundamente lesadas num dos seus direitos fundamentais mais relevantes, que é a Prestação de Cuidados de Saúde e a vários níveis que vão desde a oportunidade, a efectividade, a segurança e a centralização dos cuidados;
Considerando, por fim, que o próprio Ministério da Saúde considera o modelo de Unidade Local de Saúde como o mais adequado para a prestação de cuidados de saúde à população porque faz a ligação entre os cuidados de saúde primários e os cuidados diferenciados;
O Grupo Parlamentar “Os Verdes” propõe, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, que a Assembleia da República recomende ao Governo que:
Proceda aos estudos necessários com vista à criação da UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DO ALTO TÂMEGA, cobrindo o mesmo universo populacional abrangido até 2007 pelo Hospital Distrital de Chaves.

Palácio de S. Bento, 16 de Fevereiro de 2011.

Os Deputados do Grupo Parlamentar “Os Verdes”

José Luís Ferreira

Heloísa Apolónia
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