|
03/03/2011 |
Dados da execução orçamental |
|
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia
- Assembleia da República, 3 de Março de 2011 -
Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, a primeira pergunta que lhe faço é a de saber porque é que estamos aqui a falar de dados de execução orçamental que não existem oficialmente. Porque é que estamos a perder tempo com isso? Porque é que estamos a falar de dados absolutamente incompletos e não oficiais? Passemos à frente…, não é, Sr. Deputado?!
Acho que hoje já se perdeu muito tempo a falar sobre essa matéria e talvez seja importante ligar aqui alguns dados que têm acontecido nos últimos dias, que alguns procuram desligar, mas que estão absolutamente relacionados: essa questão do anúncio não oficial dos dados da execução orçamental por conveniência de alguém; essa questão das declarações do Primeiro-Ministro e do Ministro de Estado e das Finanças, há uns dias atrás, de que estão dispostos a tudo e a medidas adicionais de austeridade; o tal encontro com a Sr.ª Merkel.
A propósito deste encontro com a Sr.ª Merkel, não sei se o Sr. Deputado, tal como a generalidade dos portugueses, teve oportunidade de ouvir as declarações do Sr. Primeiro-Ministro. Acho que nós, Assembleia da República, temos uma responsabilidade, que é a de explicar ao Sr. Primeiro-Ministro o significado da palavra subserviência. Reparou que o Sr. Primeiro-Ministro disse que era subserviente ao povo português e àquilo que o povo português diz?
Acho que o povo português deve ter ficado de boca aberta, porque conhecemos um Primeiro-Ministro que faz tudo menos ser subserviente ao povo português! Lá, alguém lhe perguntou se aquilo era subserviência à Sr.ª Merkel, ou seja, perguntaram-lhe aquilo que era evidente! E o Sr. Primeiro-Ministro das duas, uma: ou não sabe o que quer dizer subserviência ou pensou, talvez na sua ingenuidade, que aquelas declarações nunca chegariam a Portugal! Vamos acreditar nalguma destas coisas?
E o que acontece é que aquilo que os portugueses sentem é que este Primeiro-Ministro e este Governo têm desqualificado a sua vida, têm tramado a sua vida! Gostava que o Sr. Deputado fizesse algumas observações a propósito disto. Mas só falta um pormenor na minha história: é que têm tramado a vida dos portugueses com a ajuda do PSD!
Sr. Deputado, eu também gostaria que fizesse um comentário relativamente a essa matéria por causa de todos os pacotes de austeridade que o PSD ajudou aprovar; e se ajudou a aprovar foi porque os queria ver aplicados — e não diga que não, Sr. Deputado!
Queria ainda que comentasse as declarações do Sr. Primeiro-Ministro e do Ministro de Estado e das Finanças a propósito do hipotético aparecimento de medidas adicionais de austeridade.
O PSD, depois daquilo que ficou declarado por parte do Governo, de pacote em pacote, de que tudo era suficiente para chegar aos resultados que queriam, vai entrar outra vez neste jogo?! Afinal, qual é o timing do PSD?!