10ª Convenção Nacional Ecológica Lisboa, 27 de Maio de 2006
O governo anunciou formalmente, no passado mês de Março, a decisão de avançar com o processo de co-incineração de resíduos industriais perigosos, nas cimenteiras da Secil, no Outão e da Cimpor, em Souselas.
Retoma assim um processo que já havia sido tentado em 2001, também pelas mãos do Partido Socialista e do actual Primeiro-Ministro, José Sócrates, na altura, Ministro do Ambiente.
Já na altura esta decisão conheceu uma grande reprovação por parte das populações mais directamente atingidas e respectivas autarquias, e ainda, da generalidade das Organizações de Ambiente.
Hoje, como em 2001, o argumento é que a decisão se baseia nos estudos efectuados por uma Comissão Científica designada de “Independente”.
Recorde-se que, esta Comissão não havia sido criada com o objectivo de aferir, se era mais vantajosa a co-incineração ou a incineração dedicada, mas sim, tipificar e quantificar os resíduos produzidos em Portugal, por forma a indicar, para cada grupo de resíduos, a forma de tratamento e destino mais adequado.
Assim não aconteceu, partindo-se desde logo para uma discussão viciada por premissas erradas.
A actual decisão, peca ainda por ter sido tomada antes que houvesse a conclusão da actualização dos estudos, conforme tinha sido afirmado por José Sócrates.
Não se tendo, desta forma, tomado em conta as novas realidades que, entretanto, nestes 5 anos surgiram.
E uma dessas realidades foi a decisão de se avançar para a criação dos CIRVER (Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos), que não mereceram contestação por parte das populações, ou das associações e que deveriam avançar antes de qualquer outro processo.
Estes centros, uma vez em funcionamento, poderão reduzir os resíduos industriais perigosos não tratados a uma quantidade tão pequena, que não se justificará a implementação, em Portugal, de qualquer processo de tratamento por incineração.
Recorda-se, que a percentagem de resíduos, anunciada pelo Srº Ministro do Ambiente, a tratar por co-incineração é de 20%, o que ultrapassa, em muito, os cerca de 5% de resíduos que se estima que não têm qualquer tipo de tratamento. Estaremos pois, a concretizar-se esta decisão do Governo, a incinerar resíduos que são passíveis de serem tratados e reciclados.
No entanto, o primeiro-ministro desvaloriza completamente o papel dos CIRVER e avança antecipadamente com a co-incineração, como corolário de um processo que, desde o início tem sido muito pouco transparente.
O Partido Ecologista “Os Verdes”, reunido na sua 10 ª Convenção, decide:
1.Afirmar a sua frontal oposição à instalação do processo de co-incineração de resíduos industriais perigosos;
2.Exigir a realização de estudos que tipifiquem e quantifiquem os resíduos produzidos no país e indiquem, para cada grupo, a forma mais adequada de tratamento;
3.Exigir a mais rápida implementação dos CIRVER;
4.Exigir a criação de incentivos às empresas, que assumam medidas que resultem na redução da produção de resíduos perigosos.
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